sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O papel da fantasia no Sintoma Infantil





Por Dalila Pereira de Sousa1


Palavras chave: desenvolvimento infantil, fantasia e Sintoma Infantil.
Resumo: Neste artigo tenho como meta compreender um pouco a respeito do desenvolvimento infantil, com o intuito de saber qual o papel da fantasia no Sintoma Infantil, qual o seu real propósito. Dialogar com autores que mostrem o direcionamento, o caminho do psicanalista diante do Sintoma Infantil. Para tanto, é preciso compreender como se dá o desenvolvimento do ser humano e qual o papel do Outro nessa grande aventura, que é se tornar um sujeito de desejo sendo na medida do possível um sujeito autônomo.


Primeiramente é preciso entender o desenvolvimento infantil. Esse é um tema em que podemos visualizar por várias vertentes, diversos saberes se ocupam deste assunto. Jerusalinsky(1988) é psicanalista, mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e doutor em Educação e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Além disso, é membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre e da Association Lacaniènne Internationale, mostra em um de seus trabalhos a diversidade de conceitos para compreender o desenvolvimento infantil, como: a evolução do tônus muscular responsável pelo desenvolvimento motor reflexos e esquemas de ação, dependência e independência, integração do ego, maturação neurológica dentre outros. Entretanto, Jerusalinsky (p.21,1988) diz que na verdade “... o que se desenvolve são as funções e não o sujeito”. Porém para que essas funções se desenvolvam é preciso que algo maior aconteça da ordem do desejo, anterior ao desenvolvimento motor. É preciso que uma dimensão mental seja instaurada e coloque o sujeito a trabalho da busca de seu desenvolvimento. Trata-se segundo Jerusalinsky (1988) de uma dimensão propriamente psíquica, que organizará e dará contorno ao objeto. Essa dimensão psíquica embora, seja de ordem físico-biológica, modificará, por exemplo, a organização do tônus muscular. Jerusalinsky formula:
A organização do tônus muscular não depende somente de sinergias e automatismos neurofisiológicos, mas sim do tipo de tratamento que o Outro na posição materna outorgue aos estímulos internos que assediam a criança. (Jerusalinsky, p. 22. 1988).

Portanto, é indiscutível a importância do olhar do Outro para a sobrevivência humana. O indivíduo da espécie humana é, segundo Jerusalinsky (1988), um deficiente instintivo. Para o sujeito, estar inscrito no desejo do Outro, no discurso do Outro, é uma condição imprescindível para sua sobrevivência; a partir de então a pulsão poderá desempenhar seu papel. O bebê fica então à mercê dos cuidados do Outro, exposto às suas necessidades sem nenhum meio ou recurso próprio para satisfazer suas necessidades, nada em seu sistema neurológico pode eliminar seu mal-estar. O ser humano não tem escapatória depende do Outro para sobreviver, e será nessa dependência que irá se constituir enquanto sujeito de desejo. Nessa relação dual onde ao mesmo tempo em que ele se vê completo colado em seu tutor, ele deverá descolar de suas fantasias, viver suas faltas para então se constituir sujeito de desejo. Assim define Jerusalinsky a condição humana:

Para os estímulos internos, a criança não tem escapatória, somente poderá operar uma tentativa de resolução através do outro ser humano tutelar. È por isso que o objeto humano é constituído pelo outro. O que define para esse objeto seu campo de alteridade e, portanto a alienação do sujeito a respeito dele. Este objeto, no imaginário constitui-se como idealizado e no real, como impossível. (Jerusalinsky, p. 22. 1988).


Freud constata, segundo Jerusalinsky (1989), que no homem existe algo que, não se trata da pulsão, mas sim as fantasias originárias. Relacionando a relação entre fantasia e desejo. Segundo Laplanche (1990) a fantasia nada mais é que a “... transcrição imaginária do desígnio primordial de toda e qualquer pulsão, desígnio que implica de imediato um objeto específico, a investida instintual é necessariamente sentida como uma fantasia que, seja qual for seu conteúdo”. Deste modo podemos interpretar que tudo que é consciente no sujeito em algum momento foi inconsciente, para Isaac (1990) somos frutos de nossas fantasias. Para cada operação mental existe uma fantasia subjacente. O sujeito biológico está em ligado ao sujeito da fantasia. O bebê irá experimentar através de sua relação de completude com sua mãe, a experiência da satisfação original. Deste modo, na ausência dessa satisfação o bebê sob uma forma alucinada, buscará de forma incessante seu objeto de desejo. Estaria então, neste ponto, o surgimento das fantasias mais fundamentais? Segundo Issac:

As fantasias mais fundamentais seriam aquelas que tendem a reencontrar os objetos alucinatórios vinculados às primeiras experiências do fluxo e da resolução do desejo... A fantasia encontraria sua origem na satisfação alucinaria do desejo, reproduzindo o bebê sob a forma alucinada, na ausência do objeto real, a experiência de satisfação original. (Isaac, p. 77,78. 1990).

Para Freud o papel da mãe é sedutor, quando ela se põe a cuidar de seu bebê ela: lava, coloca fraldas e faz muitas carícias em sua criança, neste momento as zonas erógenas acabam por serem privilegiadas, a pele, o ânus as genitais. Essas regiões biologicamente quando acariciadas provocam prazer, assim serão pontos para atraírem o desejo do sujeito, e também a fantasia materna. Segundo Laplanche (1990) essa seria uma modalidade da fantasia originária. Este acaba por situar a origem da fantasia e sua ligação com o desejo.
Para a psicanálise a fantasia ocupa um lugar de grande importância dentro dos processos de análise do sujeito, segundo Freud a fantasia é um fio condutor para a história do sujeito uma porta para inconsciente. Para Freud2 a fantasia é definida em termos de estrutura de linguagem; onde o papel do outro é central.
Há primeira vista pode parecer que para a psicanálise a análise de uma criança é um complicador. Portanto, diante dos Sintomas Infantis qual a posição da psicanálise? Veremos que os caminhos percorridos por Freud em sua primeira análise de uma criança no Caso do Pequeno Hans3 a compreensão das fantasias são um fio condutor que funciona de maneira que conduz as verdadeiras lembranças infantis. Para Freud (1987) as fantasias são descritas como fachadas psíquicas, obstruindo o caminho para as lembranças infantis. Ainda Freud:

As fantasias servem ao mesmo tempo à tendência de refinar as lembranças, de sublimá-las. São feitas de coisas ouvidas e utilizadas subseqüentemente; assim elas combinam coisas que foram ouvidas e coisa que foram experimentadas; acontecimentos passados (da história dos pais e dos ancestrais) e coisas que a pessoa viu. (Freud, p.336.1976).

Os Sintomas Infantis a princípio podem parecer um grande enigma, mas com uma função muito distinta endereço certo surge com um papel definido dentro do contexto familiar. Para Freud e para Lacan o Sintoma nada mais é que uma forma de apelo ao pai. E a fantasia é uma leitura que a criança faz da falta do Outro, nessa história o medo de não corresponder ao que o Outro demanda dele, traz à ameaça de devoração4, e como recurso o apelo ao nome do pai. A criança espera que o pai interfira nessa relação para que ela consiga “criar” uma identidade, mas o pai falha e com isso ela fantasia uma saída. Ela então faz Sintoma. Deste modo, terá seu desejo reconhecido e o reconhecimento do desejo. A criança vive a angústia do enigma do desejo do Outro, o Sintoma é uma resposta pessoal a esse enigma. Ao elaborar o Sintoma ela se vê fora do risco de ser devorada, acaba por elaborar uma explicação para a falta do Outro, somente deste modo ela poderá se situar enquanto um sujeito de desejo, diferente do grande Outro, esse ficará no campo da fantasia. Para que todo esse processo de transformação ocorra é preciso que o terceiro se apresente e garanta o afastamento da mãe e para que o desejo dessa mãe possa ser desviado do filho.
O esperado é que a função paterna venha a falhar assim, pois segundo Bernardino (p.59) na falha paterna a organização sintomática virá em defesa de um mínimo de subjetividade, e ficará oscilando entre fazer objeto imaginário de gozo do Outro e destituir-se deste lugar através dos fracassos do Outro. Ainda em Jerusalinsky, citado por Bernardino (p.59) “O Sintoma é a tentativa elementar, mas desesperada, de sustentar um mínimo de subjetividade diante do imperativo do Outro”. No Sintoma a criança, segundo Bernardino (p.60), “coloca do dedo na ferida, no ponto cego da posição de seus pais, principalmente da mãe face ao desejo”. A criança na construção do Sintoma se apropria do discurso dos pais ou principalmente da mãe, e delata o insuportável desta relação, mostrando qual o lugar da criança em sua “fantasmática5”.
Como poderia então o psicanalista intervir na construção do Sintoma da criança, se a criança é portadora da questão do Outro? Seria possível desvincular essas questões da relação triangular mãe_filho_pai entrar na singularidade em uma análise? Para Bernardino (p.61) é uma condição de a infância ser dependente absoluto da fantasia do Outro, para que somente assim pode ter um lugar para os seus significantes. Ele só irá se construir a partir destas referências. Na psicanálise o papel do analista é através de uma neurose de transferência produzir uma neurose para o analista, dando lugar a esse Sintoma. Nesse caminho a criança montará uma saída edípica mais criativa, não podemos simplesmente arrancá-lo do sujeito o sintoma tem a função de primeiramente diminuir a angústia do sujeito.


REFERÊNCIAS

BERNARDINO, Leda Mariza Fischer - SIM, TOMA! Texto ministrado em sala de aula na disciplina de Psicopatologia Infantil.

FREUD, S. “Rascunhos L” (2/5 /1897), E,S,B –1976, vol I, p. 336.

JERUSALINSKY, Alfredo. Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdiciplinar / Alfredo Jerusalinsky; trad. De Diana Myriam Lichtenstein et alii. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.
1 Dalila Pereira de Sousa, graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Newton Paiva.


2 Freud, citado por Bernardino – texto SIM, TOMA!
3 Caso Pequeno Hans – Este caso foi um divisor de águas na psicanálise. Freud pela primeira vez, aceita analisar uma criança de 5 anos por intermédio de seu pai. Assim teve acesso ao Sintoma Infantil, Hans desenvolveu em sua passagem pela castração um Sintoma, Fobia de Cavalos. Neste caso, Freud retorna ao Sinthoma estrutural gerador das questões da criança.

4 Ameaça de devoração – Expressão utilizada pela psicanálise para explicar a relação dual mãe-filho e sua alienação perante a este filho.

5 Fantasmática_ Termo utilizado por Bernadino, Leda Mariza Fischer – Texto Sim, Toma! No contexto, é a falta da mãe. A criança vive a procura dos primeiros cuidados maternos ...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Por que os alunos não aprendem mais?

"O momento atual na Educação caracteriza-se pela crise de aprendizagem. Estamos sendo surpreendidos pelos insucessos dos estudantes em adquirir conhecimentos básicos que possam alavancar estudos posteriores. Aquilo que era uma descomplicada atividade de aprender a ler tornou-se uma calamidade pública que atinge crianças e toda a população futura, colocando em risco a humanidade inteira.
Na tentativa de explicar o problema procuram-se justificativas nos fatores que envolvem a dificuldade, mas não chegam à sua essência como: violência nas escolas, inserção em comunidade carente; famílias ignorantes, falta de recursos financeiros, falta de material didático, falta de apoio governamental, de merenda, de material audiovisual, de transporte, de motivação que leve ao interesse e à aprendizagem. E o baixo salário do professor.
Para os docentes houve aumento de cursos de capacitação, palestras, treinamentos e reciclagens. O que eram reuniões mensais com finalidades burocráticas tornou-se reuniões semanais remuneradas de HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) onde são debatidos os problemas escolares e estudados documentos relativos à prática pedagógica.

Educação é o geral, é o abrangente, é o que abarca tudo o que se refere ao aprender e ao ensinar, tudo o que se refere ao ambiente escolar e suas ramificações.

Educação compreende a parte administrativa, burocrática, funcionamento da escola da direção à faxina.

Ensinar é a essência do trabalho escolar. Ensinar é o que ocorre entre professor e aluno, mais ninguém. Ensinar é o que acontece a nível mental mesmo que não haja prédio, nem carteira, nem ventilador, nem uniforme.

Ensinar é instruir, é informar, é orientar, é conduzir, é repetir de diferentes maneiras até fazer aprender. Ensino é questão particular, íntima entre aluno e professor e por isso é a parte mais significante da Educação. Sem mandatários não há Educação. Para haver Ensino não é preciso mandatário algum; só aluno e professor.
Sem Educação pode haver Ensino. Mas sem Ensino é incompreensível a Educação, porque esta foi criada em função daquele.Educação existe o tempo todo. Ensino não existe; ele acontece. E ele acontece em momentos de esquecimento total do ambiente material à sua volta.

Ensino ocorre mesmo que não exista escola, porque ele pode acontecer em casa, sem lousa e sem giz, com a claridade de uma lamparina. Pode acontecer à sombra de uma árvore escrevendo com o dedo no chão.

O que falta às crianças não é Educação. Falta Ensino, falta método, falta processo pedagógico em ação, falta olho no olho, falta pegar na mão da criança, falta ensinar exaustivamente uma letra, outra letra, uma sílaba.

Por Cleunice Orlandi de Lima-
cleunicemlgc@yahoo.com.br

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A Palavra


Eu havia sido colocada ali com uma segunda intenção que nem eu mesma conseguia compreender muito bem, fui ardilosamente camuflada no meio daquele texto, escondida entre substantivos, adjetivos, preposições e artigos, me sentia um pouco ridícula e ao mesmo tempo desprotegida, o envelope se fechou e a luz se apagou.

Dias depois fui bruscamente acordada por um súbito clarão de luz e um estrondoso barulho de papel rasgando, ainda meio zonza percebi que o envelope tinha sido aberto, meu coração disparou, aquele homem ansioso corria rapidamente as vistas sobre nós, eu fiquei ali parada, estática, esperando a minha vez como quem espera por um pelotão de fuzilamento, embora eu estivesse guarnecida por duas poderosas aspas, eu sabia que poderia ser muito mal interpretada, ainda mais porque não muito longe dali havia uma vírgula que me detestava, pois tinha sido desalojada exatamente do lugar onde eu estava só para eu ser colocada ali, o ponto que era meu amigo nada podia fazer, pois estava à duas linhas e meia de distância e nem sequer desconfiava do que estava acontecendo.

Depois de disfarçar tentando me esconder embaixo das aspas, finalmente, o encontro aconteceu, aqueles dois olhos verdes me olhando fixamente me provocaram um intenso arrepio, eu não sabia para onde olhar, devo ter ficado vermelha e o que eu esperava acabou acontecendo.

Eu fui violentamente arrancada daquele papel e colocada em outro de qualidade bem inferior, este não tinha nem linhas para eu me apoiar e o nervosismo daquele homem me deixou em uma posição muito desconfortável, quase sendo atirada para fora do papel, com meio corpo sobre a margem e totalmente torta. A escuridão desta vez me deu medo, eu não preguei os olhos e esperei preocupadíssima a luz surgir novamente, sem a proteção das aspas eu temia pelo pior.

E então se fez a luz, ironicamente eu senti um aroma de perfume no ar, os olhos desta vez eram azuis e o contorno que os emoldurava muito mais suave e delicado, meu coração batia a umas 200 ou 300 batidas por minuto e quando os olhos azuis me encararam, o que eu temia ocorreu. Aqueles olhos azuis desprenderam um líquido quente que caiu amargo sobre mim, queimando até a minha alma, me desfigurei completamente e era agora um insignificante borrão de tinta azul sobre um papel vagabundo.

Fui amassada com desdém junto com minhas companheiras de sofrimento e atirada em um recipiente fétido onde havia pedaços de grafite, estilhaços de lápis, fragmentos de borracha, um retrato rasgado, outras palavras sofredoras amassadas em outros papéis e, para minha surpresa, um anel de ouro. Ali, naquele ambiente de devastação e tristeza ainda consegui juntar o que sobrou de mim e pensar; “essas pessoas desconhecem completamente o poder da palavra A M O R”.


25/04/2007 - 07:44 (Leopoldo Luiz Sliwak)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


__E aprendi que se depende de tanta,

muita e diferente gente.

Toda pessoa sempre é a marca

das lições diárias de outras

tantas pessoas.

É tão bonito quando a gente entende

que a gente é tanta gente

onde quer que a gente vá...

(Gonzaguinha, Caminhos do Coração)

segunda-feira, 3 de novembro de 2008


Para todas as coisas há uma estação, e para todo propósito debaixo do céu há um tempo.
Eclesiastes

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O PAPEL DO "MEDIADOR" NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Por Geórgia Kelly C. F. Souza

“Vai aqui este pedido aos professores, pedido de alguém que sofre ao ver o rosto aflito das crianças: lembrem-se de que vocês são pastores da alegria, e que a sua responsabilidade primeira é definida por um rosto que lhes faz um pedido: Por favor: me ajude a ser feliz...”.
RUBEM ALVES

Por toda eternidade, a sociedade é a “matéria” responsável por grandes transformações. E essa mesma sociedade que evolui, exige um cidadão mais competente, dinâmico, reflexivo, crítico, e acima de tudo capaz de atuar em sua realidade social.

Como todo profissional, o professor é formado com o principal objetivo de servir ao Estado, no propósito da Educação. E a partir da missão de formar cidadãos capazes para este Estado, a esfera educacional, é desafiada a repensar seu papel histórico diante o meio social. Daí sua preocupação em formar alunos mais competentes para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e condutas que facilitem o enfrentamento de situações dinâmicas e problemas práticos.

Com essa necessidade de uma nova perspectiva educativa, autores renomados sugeriram várias tentativas. Uma delas foi uma mudança entre a relação professor e aluno, que por grande parte da história atuaram como educação “bancária”.

O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (Freire, 1983:66).

Então, eis o surgimento de uma nova concepção de relação professor aluno, um novo método de trabalho. Segundo Paulo Freire, não há quem ensine que não aprende e não há quem aprenda que não ensina. Prova, tão logo, que através da “problematização” da realidade, da significação é possível desenvolver uma concepção libertadora na relação professor e aluno e conhecimento e aprendizagem.

“Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é mediatizador de sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, educandos, de outro, a educação problematizadora coloca, desde logo, a exigência da superação da contradição educador x educando. Sem esta, não é possível a relação dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível.” (Freire, 1983:78)
Freire teve sua responsabilidade revolucionária nas idéias nacionais de bases Educacionais, que regem nossa educação atual. Elas partiram da proposta em que entre educador e educandos não há mais uma relação de verticalidade, onde um é o sujeito e o outro objeto. Agora a pedagogia é dialógica, pois ambos são sujeitos do ato cognoscente. É o “aprender ensinando e o ensinar aprendendo”.

O diálogo, em Freire, exige um pensar verdadeiro, um pensar crítico. Este não dicotomiza homens e mundo, mas os vê em contínua interação. Como seres inacabados, os homens se fazem e refazem na interação com mundo, objeto de sua práxis transformadora. A prática pedagógica passa a ser uma ação política de troca de concretudes e de transformação.

Voltando na Educação em geral, que por se tratar de um bem estatal, é também regida por Leis que a assegura e a organiza nacionalmente. E que atualmente norteia melhorias e compressões acerca do bem comum. Para o regimento dessa Lei, leva-se em consideração o progresso nacional de idéias e democracia social. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza o sistema de educação brasileira com base nos princípios presentes na Constituição. Foi citada pela primeira vez na Constituição de 1934.

Historicamente, a primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma versão em 1971, que vigorou até a promulgação da mais recente em 1996. Com a promulgação da Constituição de 1988, as LDBs anteriores foram consideradas obsoletas, mas apenas em 1996 o debate sobre a nova lei foi concluído.

A atual LDB (Lei 9394/96) baseada no princípio do direito universal à educação para todos, trouxe diversas mudanças em relação às leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas) como primeira etapa da educação básica. E como uma de suas principais características a Gestão democrática do ensino público e progressiva autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares (art. 3 e 15).

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

Partindo da necessidade de consideração de uma nova comunidade escolarizada, o professor foi concebido como um mediador de conhecimentos científicos, orientador e organizador de “saberes comum” transformando-os em ferramentas intelectuais que contribuem para o caminho da evolução.

Contudo, para se obter uma verdadeira prática educativa eficiente é fundamental haver respeito e consideração às necessidades de cada perfil social do público alvo, e a existência da presença da comunidade dentro da atividade escolar. Agora, o aluno é considerado como um ser coletivo, participante de uma comunidade ativa, levando para a atividade escolar toda as comunidades locais, vizinhas da escola. Proposta, inclusive instituída pela construção da LDB, lei 9394/96.

A escola atualmente exerce suas funções na construção da democracia social, que visa preparar essa sociedade para o processo produtivo habilitando um trabalhador ativo e efetivo no exercício da cidadania.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo, SP: Paz e Terra, 1996. (Coleção Leitura).

BRASIL, LDB. Lei 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <
www.planalto.gov.br > Aceso em 10 Abril 2008.

DIREITO, Net. A Lei 9.394/96 e os Profissionais de Educação. Disponível em <
http://www.direitonet.com.br/artigos/x/39/22/392/> Acesso em 10 de Abril de 2008.

BRASIL, Escola. Educação no Brasil – evolução histórica. Disponível <
http://www.brasilescola.com/educacao/educacao-no-brasil.htm> Acesso em 12 de Abril de 2008.

FRANÇA, Júnia Lessa et al. Manual de normatização de publicações técnico-científicas. 5 ed. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2001. (Coleção Aprender).

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Análise do Livro Vigiar e Punir - Foucault


Por Dalila Pereira
FOUCAULT, Michael. Vigiar e Punir: História da violência nas prisões. 21 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

Resumo: O objetivo de Foucault nesta obra consiste em mostrar como surgiu a sociedade disciplinar. Utilizando o método da genealogia, estudou a origem da estrutura social através da história, descrevendo as relações de poder em uma sociedade dirigida pela sansão normalizadora. Resultando em um homem social moderno e disciplinado, controlado e vigiado a todo momento por uma rede de saberes. Conclui que o homem só evoluiu no modo de controlar e punir os sujeitos, sancionando e normalizando, porém de uma forma moderna, consequenciando uma sociedade cada vez mais individualizada, solidão vigiada.


Crítica: Ao analisar o texto de Foucalt compreendemos a dinâmica do poder, que vem normalizar o homem social. Através da estrutura Panóptica o homem é facilmente controlado e vigiado a todo o momento.O autor abriu nossos olhos para a “liberdade vigiada” no qual estamos submetidos diariamente. Na realidade o homem é controlado sem se dar conta disto, tem a ilusão de ser livre. Rastreado pelo celular pelas câmeras de segurança, no seu automóvel e por todo aparato tecnológico que temos direito. . Passamos a entender melhor o quanto vivemos alienados, em uma sociedade que em nome da segurança, coloca a todos sobre o olhar panóptico. O texto é de fácil leitura, mas apesar de ser muito claro e explicativo, o autor não sintetiza as idéias principais, se prolongando em vários momentos, tornando a leitura um pouco cansativa. O texto nos leva a questionar até que ponto somos realmente livres para fazer nossas escolhas? Dentro da sociedade em que vivemos é possível fugir da sansão normalizadora? Sem sermos condenados aos hospitais psiquiátricos?

Formação para o mercado de trabalho é questionada


Folha Dirigida, 07/10/2008 - Rio de Janeiro RJ


Luís Gustavo de Almeida



Em matéria publicada pelo jornal FOLHA DIRIGIDA, os reitores dasuniversidades públicas federais afirmaram que atualmente osuniversitários se formam de suas instituições com uma boaqualificação por estudarem em locais que interligam ensino,pesquisa e extensão.


A professora de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais daUniversidade Federal Fluminense (UFF), Bárbara Heliodora França,concorda com os reitores, mas afirma que a situação dasuniversidades públicas é delicada no que diz respeito à formaçãopara o mercado de trabalho. "As instituições de ensino superiorpública estavam recebendo alunos que cursavam o 1º e 2º grau emescolas particulares.


Estes ingressavam na universidade com uma boa base e conseguiamacompanhar as aulas", falou a professora da UFF. Segundo Bárbara,o que tem acontecido recentemente é uma "inversão perversa", ondeas instituições públicas têm sofrido um boicote, em relação asalários e falta de investimentos, e isso afastou os alunos quetinham um perfil com melhor qualidade de ensino básico. "Tenhoacompanhado a saída dos estudantes das universidades públicaspara instituições particulares, que em geral, são educadoras ruins.


Algumas mantêm qualidade melhor do que as federais porqueinvestem em infra-estrutura, como laboratórios, e não empesquisas", disse Bárbara. Para a professora, as federais são asque preparam melhor para o mercado de trabalho de alta qualidade,aquele com carteira assinada. "As universidades públicas aindasão as que têm melhores condições de preparar segundo exigênciasdo mercado de trabalho. Por isso, temos que fortalecê-las".


Alunos chegam fracos no ensino superior. A professora deSociologia da UFF vê problemas na educação universitária devidoao ensino básico, que considera deficiente. "Os professores estãotendo dificuldade no ensino dos alunos que chegam do ensinomédio, que em geral, são fracos. Hoje eu tenho dificuldade deexigir a leitura que pedia há 10 anos".


Bárbara lembrou que o presidente Lula disse que mudaria o ensinobásico e que seria prioridade em seu governo. "É importante quenossos alunos cheguem com mais base à universidade para podermospassar o máximo de conhecimento que temos.


Por isso é importante brigarmos por um ensino básico dequalidade". De acordo com a professora Bárbara, o mercado detrabalho está mudando.


Atualmente, o que as empresas buscam são pessoas muitoqualificadas, que conheçam a totalidade do produto além de suaespecialidade. "As áreas de Petróleo e Gás, Engenharia, pesquisana Biotecnologia estão crescendo muito. Tenho lido que o Brasiltem dificuldades nessas áreas no mercado", concluiu.

Leitura - Por que ler é fundamental?


"A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo."

Paulo Freire


Afinal por que se afirma que é tão importante ler? Para responder a essaquestão, vamos lembrar que o texto - seja de que natureza for - está semprepronto a ser compreendido, decifrado e interpretado. O processo da leituraexige um esforço que garante uma compreensão ampliado do mundo, de nósmesmos e da nossa relação com o mundo.


Na Roma antiga, o verbo "ler" - do latim legere - além de ler, também podiasignificar "colher", "recolher", "espiar", "reconhecer traços", "tomar","roubar". Para os romanos, então, ler era muito mais do que simplesmentereconhecer as palavras e frases dos outdoors de uma avenida, dos índices dedesempregos noticiados nos jornais, do discurso político de um candidato àpresidência da República, de um poema ou de um conto, de um romance ou de um filme.


Ler é compreender os discursos, mas também é completá-los, descobrindo o queneles não está claramente dito. Talvez "recolher" seja buscar as pistas que o texto tem, "espiar" seja distanciar-se um pouco e não de imediato aquiloque está sendo proposto, "tomar" e "roubar" talvez queira dizer estarprontos a captar, capturar, se apropriar daquilo que está escondido nasentrelinhas de um texto.


Um desfile de palavras vazias?

É assim que a leitura se torna criativa e produtiva, pela descoberta dossentidos do texto e a atribuição de outros. Do contrário, ela se tornaapenas assistir a um desfile de letras, palavras e frases vazias, diante deolhos tão passivos, quanto sonolentos.


O mundo simbólico se amplia diariamente. A maior parte dos fenômenos, sejamde natureza política, econômica, social ou cultural, fazem parte de umregistro contínuo do homem. Também a reinvenção da realidade por meio dostextos literários, que constroem uma nova linguagem, nos dá a dimensão dasemoções, sentimentos, críticas e vivências do homem, na sua busca de sentidopara a existência.


Nos contos, crônicas, romances, poemas, nos mais variados textos criados, hásempre um universo interior e exterior de pessoas que vivem ou viveram numdeterminado tempo e espaço. Ler os textos escritos e as diversas linguagensinerentes ao ser humano é ampliar o nosso próprio mundo simbólico, édesenvolver nossa capacidade de comunicar e criticar, enfim, é um atocontínuo de recriação e invenção.


* Carla Caruso é escritora, pesquisadora e realiza projetos de capacitaçãode professores no Estado de São Paulo. (Carla Caruso"Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação")
----- Original Message -----
From:
Leonardo Soares de Souza
To:
Georgia Kelly
Sent: Thursday, October 09, 2008 9:16 AM
Subject: Re: nosso artigo
Kelly,
Ontem te falei que dei uma olhadinha, mas agora dei uma lida em tudo e achei o artigo ótimo. Ele além de está bem redigido, mostra um tema super atual, e rompe os paradigmas que a sociedade sabe que existe, mas prefere não se preocupar com isto, na realidade usa a desculpa a dificuldade em ter ferramentas, e a dificuldade que as pessoas terão ao lidar com novas ferramentas (computador) para cada vez mais deixar a margem da sociedades, pessoas que não terão nunca um mercado promissor. Fora a qualidade do trabalho de vocês, tenho orgulho pela sua vontade que tem de se destacar, fazer os seus cursos e seguir cada vez mais seus estudos, esta sua energia acabou me contagiando, e me animando a fazer ano que vem meu MBA.
Parabéns amor, vcs vão longe com certeza.bjs
Leo

terça-feira, 7 de outubro de 2008

INFORMÁTICA EDUCATIVA: UMA NOVA PERSPECTIVA



Por Dalila Pereira de Sousa1


Resumo: O projeto "Informática Educativa uma Nova Perspectiva" tinha como propósito compreender de que forma a Informática Educativa pode atuar como reforço no comportamento social e escolar das crianças em situação de risco social. O projeto dialoga com teóricos que enfatizam os desenvolvimentos dos processos mentais superiores através do reforçamento positivo, verificando a possibilidade da utilização da informática educativa como ferramenta facilitadora da aprendizagem.


Palavras-chave: Informática, educação, comportamento, sociedade.


De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei2 nº 8.069 de 13 de julho de 1990, Art. 3. também com o objetivo de preservar o bem estar das crianças e adolescentes, o Art. 4. deste documento reforça o direito: a dignidade, ao respeito, a educação, lazer, esporte, profissionalização e a convivência familiar e social, colocando como responsáveis pelo cumprimento da lei, a família, a comunidade e a sociedade como um todo, juntamente com o poder público. Nos últimos anos algumas medidas foram tomadas para tentar melhorar a qualidade da educação no Brasil. Programas como o bolsa escola e o bolsa família, não resolvem efetivamente o problema, podem na verdade, ser excelentes campanhas de marketing para muitos políticos, declara a Sra. Lisete Arelaro, ex-secretária da Educação de Diadema de São Paulo: "o marketing interfere na ousadia das políticas publicas". (Arelaro, Revista Educação, 2004, p.36). Assim a informática foi utilizada a principio como mais um chamariz para votos. Mas, o que adianta possuir um laboratório de informática de última geração, se os professores não são capacitados e não existe uma proposta pedagógica que dê sustentação? Tavares (2003) afirma que não basta oferecer recursos tecnológicos para a escola, é preciso que as escolas possuam um programa de informática onde a tecnologia seja utilizada como ferramenta pedagógica, com o objetivo de alcançar melhores resultados na aprendizagem dos alunos e no desenvolvimento de suas habilidades e competências. Podemos nos perguntar o porque da utilização da informática na escola. Para responder esta questão basta olhar para o mundo em que vivemos; a globalização traz a modernidade para o nosso cotidiano. O individuo que não possui o mínimo de conhecimento tecnológico, tem dificuldades de se locomover dentro de sua própria sociedade, ônibus tem catraca eletrônica, e os bancos são informatizados. Esses são apenas alguns exemplos que podem excluir o individuo da sociedade atual. De modo, que é importante dar as crianças de risco social o direito de se desenvolver enquanto cidadão. Oferecer oportunidades para que se rompa com o circulo de exclusão herdado pelos seus pais. Muitos destes estudantes em situação de risco vivem uma realidade delicada, cercada de violência e de dificuldades, falta oportunidade e perspectivas. Ter acesso à informática educativa para esses estudantes é uma oportunidade de se preparar para o competitivo mercado de trabalho.
Portanto, as práticas educativas devem estar em sintonia com os desafios próprios da sociedade da informação. Se a tendência verificada mostra uma exigência de maior autonomia, adaptabilidade, iniciativa, criatividade e rapidez, a educação não deve se distanciar da busca dessas habilidades. (Pais,2005, p.25) A escola tem o dever social de preparar essas crianças para o futuro, sua missão é acompanhar o desenvolvimento da era digital fazendo uma revolução no processo de ensino aprendizagem. "O uso da informática tende a ser uma das características principais do período contemporâneo, tal como, a invenção da imprensa ampliou a comunicação a partir do Renascimento". (Pais,2005, p.13) A informática educativa é uma ferramenta que integra vários recursos tecnológicos, ou seja, mídias interativas diversas, possibilitando a aprendizagem, despertando o interesse e uma melhor compreensão dos conteúdos curriculares. Segundo Skinner (1989) "a interatividade é um ponto essencial para um bom desempenho no processo de ensino aprendizagem".
Muitos processos de aprendizagem vêm sendo discutidos. Entre estes a aprendizagem por contingências, que se dá pelo contato direto com a experiência o indivíduo entra em contato direto com as contingências positivas ou negativas. Skinner (1989) demonstra que a falha no processo de ensino e aprendizagem está atrelada principalmente à falta de reforçamento positivo. Ao terminar uma atividade a falta de contingências reforçadoras não incentiva os alunos, a continuar em busca de conhecimento. Para Skinner (1989), a instrução programada corrigiu uma falha básica do processo de aprendizagem, pois no dia a dia das salas de aula fica difícil o reforço imediato aos alunos.
Através da informática educativa é possível interagir com o conteúdo, sendo reforçado positivamente e imediatamente após uma resposta correta o que incentiva o aluno a buscar novos conhecimentos.
"Não aprendemos fazendo, como dizia Aristóteles, aprendemos quando o que fazemos tem conseqüências reforçadoras. Ensinar é arranjar tais conseqüências". (SKINNER, 1989 P.136).
A Secretária de Educação do Estado de São Paulo em 2004 iniciou um trabalho nas escolas estaduais do Estado, com crianças que apresentavam déficit de aprendizagem. Utilizando softwares educativos como ferramenta nas aulas de reforço, conseguiram atingir um nível de aceitação altíssimo. As aulas de reforço antes chamadas ‘aulas-castigo’ passaram de punitivas a reforçadoras.
Nos softwares, os alunos em recuperação encontraram o conteúdo pedagógico a ser estudado de forma lúdica e dinâmica. Os softwares utilizam uma linguagem que atraem os alunos. Através de aulas elaboradas em forma de games, aulas multimídias, animações e outros recursos computacionais as crianças se divertem e aprendem ao mesmo tempo. Assim os alunos são reforçados positivamente e imediatamente após a sua resposta correta. Neste contexto, errar não tem a conotação de punição o erro deixa de ser aversivo, e a busca pelo conhecimento se torna um desafio. Os resultados obtidos com o programa de reforço escolar da Rede Estadual de São Paulo foram excelentes, como mostra Moisés em sua reportagem do site Estadão3: "Programa de reforço escolar mostra como crianças têm prazer e empenho no aprendizado com recursos de simulação e uso prático de disciplinas. Com tecnologia, ‘aula-castigo’ vira prêmio".
A informática educativa deve ser uma ferramenta para os professores, na construção do saber. O professor deve ser preparado, orientado quando as possibilidades da informática na educação para que se possa alcançar resultados. Segundo Silene Kuin4 coordenadora de capacitação dos professores da Secretária do Estado de São Paulo, "O software é uma ferramenta, como o giz e o quadro, que em muitas situações dão conta do recado. A questão é saber usar as novas tecnologias".
A informática educativa, portanto é uma das formas de diminuir a exclusão social das crianças em situação de risco. Para tanto o professor deve ser devidamente capacitado para trabalhar com a nova ferramenta. Segundo Tajra, (1998) o professor deve ter acesso às inovações objetivando melhor seu desempenho junto aos alunos. Da mesma forma que muitas profissões evoluíram utilizando instrumentos tecnológicos o correto é que a escola siga o mesmo caminho.
Podemos então pensar neste novo milênio na Informática Educativa como uma ferramenta capaz de interagir com o conteúdo pedagógico de forma prática e atrativa. Assim como as máquinas de ensino criadas por Skinner, os softwares educativos funcionam tirando vantagem do poder reforçador das conseqüências imediatas, melhorando substancialmente o desempenho social e escolar das crianças em situação de risco.



REFERÊNCIAS

ESTATUTO da criança e do Adolescente [1990]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesso em 10 de nov.2005.

MOISÉS, David. Com tecnologia, ‘aula castigo’ vira prêmio para os alunos. Disponível em http://www.estadao.com.br/educando/noticias/2005/out/02/154.htm Jornal Estadão de São Paulo. São Paulo, 02 de out. de 2005.

MONKEN, Eliane Maria Freitas et al. Manual de Orientação para Apresentação Gráfica do Projeto de Estudo e outros Trabalhos Científicos. Belo Horizonte 2004.

PAIS, Luiz Carlos. Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. 1ª Edição. Belo Horizonte. Editora Autêntica, 2005.

SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do Ensino: Tecnologia do Ensino. Tradução: Rodolpho Azzi. São Paulo: E.P. U, EDUSP, 1972.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: Professor na Atualidade. São Paulo: Érica,1998.

TAVARES, Alexandre. Tecnologia na Escola: Problema ou Solução? Revista Linha Direta. São Paulo, n.65, p. 20 – 22, ago, 2003.