Folha Dirigida, 07/10/2008 - Rio de Janeiro RJ
Luís Gustavo de Almeida
Em matéria publicada pelo jornal FOLHA DIRIGIDA, os reitores dasuniversidades públicas federais afirmaram que atualmente osuniversitários se formam de suas instituições com uma boaqualificação por estudarem em locais que interligam ensino,pesquisa e extensão.
A professora de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais daUniversidade Federal Fluminense (UFF), Bárbara Heliodora França,concorda com os reitores, mas afirma que a situação dasuniversidades públicas é delicada no que diz respeito à formaçãopara o mercado de trabalho. "As instituições de ensino superiorpública estavam recebendo alunos que cursavam o 1º e 2º grau emescolas particulares.
Estes ingressavam na universidade com uma boa base e conseguiamacompanhar as aulas", falou a professora da UFF. Segundo Bárbara,o que tem acontecido recentemente é uma "inversão perversa", ondeas instituições públicas têm sofrido um boicote, em relação asalários e falta de investimentos, e isso afastou os alunos quetinham um perfil com melhor qualidade de ensino básico. "Tenhoacompanhado a saída dos estudantes das universidades públicaspara instituições particulares, que em geral, são educadoras ruins.
Algumas mantêm qualidade melhor do que as federais porqueinvestem em infra-estrutura, como laboratórios, e não empesquisas", disse Bárbara. Para a professora, as federais são asque preparam melhor para o mercado de trabalho de alta qualidade,aquele com carteira assinada. "As universidades públicas aindasão as que têm melhores condições de preparar segundo exigênciasdo mercado de trabalho. Por isso, temos que fortalecê-las".
Alunos chegam fracos no ensino superior. A professora deSociologia da UFF vê problemas na educação universitária devidoao ensino básico, que considera deficiente. "Os professores estãotendo dificuldade no ensino dos alunos que chegam do ensinomédio, que em geral, são fracos. Hoje eu tenho dificuldade deexigir a leitura que pedia há 10 anos".
Bárbara lembrou que o presidente Lula disse que mudaria o ensinobásico e que seria prioridade em seu governo. "É importante quenossos alunos cheguem com mais base à universidade para podermospassar o máximo de conhecimento que temos.
Por isso é importante brigarmos por um ensino básico dequalidade". De acordo com a professora Bárbara, o mercado detrabalho está mudando.
Atualmente, o que as empresas buscam são pessoas muitoqualificadas, que conheçam a totalidade do produto além de suaespecialidade. "As áreas de Petróleo e Gás, Engenharia, pesquisana Biotecnologia estão crescendo muito. Tenho lido que o Brasiltem dificuldades nessas áreas no mercado", concluiu.
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