terça-feira, 7 de outubro de 2008

INFORMÁTICA EDUCATIVA: UMA NOVA PERSPECTIVA



Por Dalila Pereira de Sousa1


Resumo: O projeto "Informática Educativa uma Nova Perspectiva" tinha como propósito compreender de que forma a Informática Educativa pode atuar como reforço no comportamento social e escolar das crianças em situação de risco social. O projeto dialoga com teóricos que enfatizam os desenvolvimentos dos processos mentais superiores através do reforçamento positivo, verificando a possibilidade da utilização da informática educativa como ferramenta facilitadora da aprendizagem.


Palavras-chave: Informática, educação, comportamento, sociedade.


De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei2 nº 8.069 de 13 de julho de 1990, Art. 3. também com o objetivo de preservar o bem estar das crianças e adolescentes, o Art. 4. deste documento reforça o direito: a dignidade, ao respeito, a educação, lazer, esporte, profissionalização e a convivência familiar e social, colocando como responsáveis pelo cumprimento da lei, a família, a comunidade e a sociedade como um todo, juntamente com o poder público. Nos últimos anos algumas medidas foram tomadas para tentar melhorar a qualidade da educação no Brasil. Programas como o bolsa escola e o bolsa família, não resolvem efetivamente o problema, podem na verdade, ser excelentes campanhas de marketing para muitos políticos, declara a Sra. Lisete Arelaro, ex-secretária da Educação de Diadema de São Paulo: "o marketing interfere na ousadia das políticas publicas". (Arelaro, Revista Educação, 2004, p.36). Assim a informática foi utilizada a principio como mais um chamariz para votos. Mas, o que adianta possuir um laboratório de informática de última geração, se os professores não são capacitados e não existe uma proposta pedagógica que dê sustentação? Tavares (2003) afirma que não basta oferecer recursos tecnológicos para a escola, é preciso que as escolas possuam um programa de informática onde a tecnologia seja utilizada como ferramenta pedagógica, com o objetivo de alcançar melhores resultados na aprendizagem dos alunos e no desenvolvimento de suas habilidades e competências. Podemos nos perguntar o porque da utilização da informática na escola. Para responder esta questão basta olhar para o mundo em que vivemos; a globalização traz a modernidade para o nosso cotidiano. O individuo que não possui o mínimo de conhecimento tecnológico, tem dificuldades de se locomover dentro de sua própria sociedade, ônibus tem catraca eletrônica, e os bancos são informatizados. Esses são apenas alguns exemplos que podem excluir o individuo da sociedade atual. De modo, que é importante dar as crianças de risco social o direito de se desenvolver enquanto cidadão. Oferecer oportunidades para que se rompa com o circulo de exclusão herdado pelos seus pais. Muitos destes estudantes em situação de risco vivem uma realidade delicada, cercada de violência e de dificuldades, falta oportunidade e perspectivas. Ter acesso à informática educativa para esses estudantes é uma oportunidade de se preparar para o competitivo mercado de trabalho.
Portanto, as práticas educativas devem estar em sintonia com os desafios próprios da sociedade da informação. Se a tendência verificada mostra uma exigência de maior autonomia, adaptabilidade, iniciativa, criatividade e rapidez, a educação não deve se distanciar da busca dessas habilidades. (Pais,2005, p.25) A escola tem o dever social de preparar essas crianças para o futuro, sua missão é acompanhar o desenvolvimento da era digital fazendo uma revolução no processo de ensino aprendizagem. "O uso da informática tende a ser uma das características principais do período contemporâneo, tal como, a invenção da imprensa ampliou a comunicação a partir do Renascimento". (Pais,2005, p.13) A informática educativa é uma ferramenta que integra vários recursos tecnológicos, ou seja, mídias interativas diversas, possibilitando a aprendizagem, despertando o interesse e uma melhor compreensão dos conteúdos curriculares. Segundo Skinner (1989) "a interatividade é um ponto essencial para um bom desempenho no processo de ensino aprendizagem".
Muitos processos de aprendizagem vêm sendo discutidos. Entre estes a aprendizagem por contingências, que se dá pelo contato direto com a experiência o indivíduo entra em contato direto com as contingências positivas ou negativas. Skinner (1989) demonstra que a falha no processo de ensino e aprendizagem está atrelada principalmente à falta de reforçamento positivo. Ao terminar uma atividade a falta de contingências reforçadoras não incentiva os alunos, a continuar em busca de conhecimento. Para Skinner (1989), a instrução programada corrigiu uma falha básica do processo de aprendizagem, pois no dia a dia das salas de aula fica difícil o reforço imediato aos alunos.
Através da informática educativa é possível interagir com o conteúdo, sendo reforçado positivamente e imediatamente após uma resposta correta o que incentiva o aluno a buscar novos conhecimentos.
"Não aprendemos fazendo, como dizia Aristóteles, aprendemos quando o que fazemos tem conseqüências reforçadoras. Ensinar é arranjar tais conseqüências". (SKINNER, 1989 P.136).
A Secretária de Educação do Estado de São Paulo em 2004 iniciou um trabalho nas escolas estaduais do Estado, com crianças que apresentavam déficit de aprendizagem. Utilizando softwares educativos como ferramenta nas aulas de reforço, conseguiram atingir um nível de aceitação altíssimo. As aulas de reforço antes chamadas ‘aulas-castigo’ passaram de punitivas a reforçadoras.
Nos softwares, os alunos em recuperação encontraram o conteúdo pedagógico a ser estudado de forma lúdica e dinâmica. Os softwares utilizam uma linguagem que atraem os alunos. Através de aulas elaboradas em forma de games, aulas multimídias, animações e outros recursos computacionais as crianças se divertem e aprendem ao mesmo tempo. Assim os alunos são reforçados positivamente e imediatamente após a sua resposta correta. Neste contexto, errar não tem a conotação de punição o erro deixa de ser aversivo, e a busca pelo conhecimento se torna um desafio. Os resultados obtidos com o programa de reforço escolar da Rede Estadual de São Paulo foram excelentes, como mostra Moisés em sua reportagem do site Estadão3: "Programa de reforço escolar mostra como crianças têm prazer e empenho no aprendizado com recursos de simulação e uso prático de disciplinas. Com tecnologia, ‘aula-castigo’ vira prêmio".
A informática educativa deve ser uma ferramenta para os professores, na construção do saber. O professor deve ser preparado, orientado quando as possibilidades da informática na educação para que se possa alcançar resultados. Segundo Silene Kuin4 coordenadora de capacitação dos professores da Secretária do Estado de São Paulo, "O software é uma ferramenta, como o giz e o quadro, que em muitas situações dão conta do recado. A questão é saber usar as novas tecnologias".
A informática educativa, portanto é uma das formas de diminuir a exclusão social das crianças em situação de risco. Para tanto o professor deve ser devidamente capacitado para trabalhar com a nova ferramenta. Segundo Tajra, (1998) o professor deve ter acesso às inovações objetivando melhor seu desempenho junto aos alunos. Da mesma forma que muitas profissões evoluíram utilizando instrumentos tecnológicos o correto é que a escola siga o mesmo caminho.
Podemos então pensar neste novo milênio na Informática Educativa como uma ferramenta capaz de interagir com o conteúdo pedagógico de forma prática e atrativa. Assim como as máquinas de ensino criadas por Skinner, os softwares educativos funcionam tirando vantagem do poder reforçador das conseqüências imediatas, melhorando substancialmente o desempenho social e escolar das crianças em situação de risco.



REFERÊNCIAS

ESTATUTO da criança e do Adolescente [1990]. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm. Acesso em 10 de nov.2005.

MOISÉS, David. Com tecnologia, ‘aula castigo’ vira prêmio para os alunos. Disponível em http://www.estadao.com.br/educando/noticias/2005/out/02/154.htm Jornal Estadão de São Paulo. São Paulo, 02 de out. de 2005.

MONKEN, Eliane Maria Freitas et al. Manual de Orientação para Apresentação Gráfica do Projeto de Estudo e outros Trabalhos Científicos. Belo Horizonte 2004.

PAIS, Luiz Carlos. Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. 1ª Edição. Belo Horizonte. Editora Autêntica, 2005.

SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do Ensino: Tecnologia do Ensino. Tradução: Rodolpho Azzi. São Paulo: E.P. U, EDUSP, 1972.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação: Professor na Atualidade. São Paulo: Érica,1998.

TAVARES, Alexandre. Tecnologia na Escola: Problema ou Solução? Revista Linha Direta. São Paulo, n.65, p. 20 – 22, ago, 2003.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo artigo, ficou muito interessante, bom de mais.
Cristiano Moura Soares