várias maneiras e sob diversos aspectos. Já me busquei na história, me
procurei na condição de ser humano e me desintegrei para compor um som
qualquer com o corpo.
Hoje, exatamente hoje, me achei de um jeito que nunca havia encontrado.
Cuidadosamente tecida entre tantas palavras, minhas ou emprestadas,
escritas ou faladas, vou me escrevendo de maneira nunca antes
experimentada.
Já não posso mais me saber sem escrever. Nem sem ler.
Eu leio muito e de diversas maneiras. Leio o que é comum, mas que ao se
mostrar aos meus olhos passa a ser somente meu. Eu leio escritos e
implícitos. Palavras e imagens. Expressões e interações. Junções
harmoniosas de letras que sozinhas não me permitiriam ler e reler os
caminhos, os universos e até mesmo as meras informações. Embora eu não
leia nas linhas das mãos toda a vida que ainda está por vir eu também já li
com elas.
É na escrita que eu me escapo.
No manejo das palavras nem sempre encontro a precisão delicada que
procuro, nas atitudes escrevo com marcas uma Thais completamente
vulnerável à leitura alheia. Há um outro, muitos outros... Assim como não há
leitura sem escrita eu também não me pareço inteira sem alguém.
Daí eu escrevo e em uma espécie de amarração de fios, de letras, vejo nascer
vagarosamente, deitada sobre a folha do papel uma outra que eu
desconhecia e diante dela me ponho a ler novamente.
E no recomeço sem fim há uma espécie de “acontescência” de mim. Um
encontro indizível e inevitável que se dá no tempo da espera que repousa
lenta e devagar. Ou seria a divagar?
Thais Abrahão
Estudante do curso de Pedagogia, do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, em resposta a
uma discussão sobre autoria ocorrida em aula da disciplina Leitura e Escrita I: Como se lê, como
se escreve, ministrada por esta pesquisadora, em março de 2009.
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