Existiu um dia uma figura celebre que, de tão sábia, suas ideias refletem em nós até hoje. E agora só desejo mais um bocado de lembrança, memória e vida, pra que meu 'prazer' de propagá-las para mais gente perdure por um loooongo tempo...
(Obs.: queria na verdade colocar de fundo uma modinha de viola pra acompanhar sua leitura, já que "ainda" não aprendi, fica a dica de que imagine a melodia. Vai ver só como a leitura fica mais especial! :))
Com muito carinho:
Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava errado e a natureza só fazia asneiras.
— Asneiras, Américo?
— Pois então?!... Aqui mesmo neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas, e lá adiante vejo colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão? (...)
— Mas o melhor – concluiu – é não pensar nisto e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha? (...)
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o nariz.
Américo desperta de um pulo; pisca, pisca; medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão mal feito assim. (...)
LOBATO, Monteiro. O reformador do mundo. São Paulo: Brasiliense, 1964. p. 14. (Trecho)
— Asneiras, Américo?
— Pois então?!... Aqui mesmo neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustentando frutas pequeninas, e lá adiante vejo colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão? (...)
— Mas o melhor – concluiu – é não pensar nisto e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha? (...)
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio o nariz.
Américo desperta de um pulo; pisca, pisca; medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão mal feito assim. (...)
LOBATO, Monteiro. O reformador do mundo. São Paulo: Brasiliense, 1964. p. 14. (Trecho)